- Mãe, o que acontece quando a gente morre? A gente vai morrer e vai pra onde? A gente vai desaparecer? (começa a chorar)
- Calma, filho. Eu acho que a
gente não desaparece não, acho que a gente se transforma.
- Mas quando você morrer,
você vai pra onde? Você vai ficar longe de mim e eu nunca mais vou te ver?
(chora mais)
- Filho, eu vou estar sempre
com você, sempre!
- Não vai não! Quando você
morrer, eu não vou mais te achar e não vai ter ninguém pra cuidar de mim.
- Calma meu amor, não é
assim. Eu vou cuidar muito de você. E a natureza nos protege, protege todo
mundo. Cada um vai ter o seu tempo.
- Todo mundo vai morrer? Pra
onde vai todo mundo?
- Todo mundo morre e eu
não sei pra onde a gente vai. Mas eu sei que fica tudo bem, porque a gente vai se
transformando. Meu amor, não se preocupe com isso.
- Eu sei que a gente vira
estrelinha.
- Sim! A gente vira luz!
- Mas como eu vou te achar
quando você virar estrelinha, mãe, como? Estrelinha nem tem pé, nem perna, nem
olho, nem boca. Eu não vou te achar nunca mais!!! (chora muito)
- Filho, meu
coração, olha pra mim. Nós estamos ligados pra sempre através do nosso amor. E eu vou estar
sempre com você e você comigo. E a gente ainda vai viver muito e vamos fazer
muitas aventuras!
- Mas como é depois? Como é
que as pessoas fazem pra se encontrar?
- Filho, isso eu não sei. Só
sei que a gente se transforma e vira luz, vira estrelinha! E as estrelas se
comunicam de outras formas.
- Mas elas não sabem falar!
- Mas elas sabem brilhar!
- Elas mandam sinais?
- Sim! (gostando da ideia) Acho
que é mais ou menos assim.
- Mas e se vier um raio
fortão e destruir as estrelas?
- Os raios e as estrelas são
amigos. São feitos da mesma coisa, só que têm formas diferentes. Eles não vão
se destruir, eles gostam de brincar juntos.
- Mas e quando tem uma chuva
muito forte, a chuva pode acabar com as estrelas?
- Não, porque as estrelas
ficam beeem mais alto do que as nuvens que trazem a chuva. Quando chove, as
estrelas ficam encobertas pelas nuvens. Aí quando para de chover e as nuvens
saem do céu, as estrelas voltam a aparecer.
- Mas eu vou acabar quando eu
for virar estrelinha? Eu não quero morrer, eu não quero acabar!!! (volta a
chorar)
- Meu amor, você não vai acabar,
você ainda vai viver muito.
- Mas e se você morrer e eu
não te encontrar mais? E se quando eu morrer e virar estrelinha, eu não te
achar? Como é que eu vou te achar, mãe?
- Meu amor, isso é um mistério,
mas a natureza sempre sabe o que faz. Confia na natureza e confia no nosso amor,
que a gente vai se encontrar... (ele continua chorando, eu não sei mais o que
dizer) ... Você estava da minha barriga e nasceu! Então vc me achou, viu?
- (Ele para de chorar) Então
depois que a gente vira estrelinha, a gente vira semente? E aí entra na barriga
das mães?
- É mais ou menos assim... Eu
acho que gente vai se transformando... é um ciclo.
- Depois começa tudo de novo?
Mas como? E se a gente nascer bicho, se a gente nascer árvore? Como eu vou
achar você de novo?
- A gente vai saber.
- Como?
- Agora eu também não sei como é,
filho. Mas a gente vai descobrir quando a gente souber falar a língua das
estrelas. Aí a gente vai entender tudo isso.
- Mas eu não quero me separar
de você.
- Tá bom, então vamos
combinar que a gente nunca vai se separar. Eu vou estar sempre com você.
- Quando eu virar estrelinha,
eu vou ficar brilhando do seu ladinho. E também vou virar semente e entrar na
sua barriga de novo.
- Combinado, filho. Agora
vamos dormir e pensar em coisas bem lindas e brilhantes e pensar no nosso amor
que é maior do que o infinito.
- Boa noite, mãe. (me beija e
abraça forte) Te amo, mãe.
- Te amo tanto, filho! Sonhe
com os anjinhos e com os peixinhos.