15.9.10
14.9.10
13.9.10
10.9.10
em crise
crise de identidade crise de nervos crise agrária crise conjugal crise de garganta crise existencial crise de adolescência crise diplomática crise financeira crise renal crise da meia idade crise de raiva crise de mão-de-obra crise amorosa crise política crise asmática crise parcial crise profissional crise epiléptica crise moral crise econômica crise patológica crise com o filho adolescente que também está em crise crise cardíaca crise religiosa crise internacional crise de ansiedade crise familiar crise evolutiva crise dramática crise social crise hepática crise histórica crise global crise de abstinência crise da moda crise generalizada toda crise é criativa.
2.9.10
Tempestade:
Acontece o que não se espera
e o coração desaba.
A chuva caindo lá fora,
o coração em prantos, em pedaços,
chove aqui dentro também.
Calmaria:
Aqui estou, no cenário já conhecido,
livros, computador,
noite, luz pálida,
desejos, névoa
e uma vontade louca de fazer o mundo virar
e ficar de pernas abertas esperando o amanhecer.
19.8.10
Perdi a hora. Perdi a prova, perdi a consulta, perdi a minha carteira. Perdi a clareza, perdi a fome, perdi o curso da história. Perdi o sono. Perdi a razão. Perdi o pai, a mãe, os filhos, perdi minha casa, perdi minhas cartas, perdi a visão, perdi a identidade, perdi tudo. Perdi meu brinco. Perdi a sessão. Perdi meu celular. Perdi o sol, a praia, os amigos. Perdi a festa e perdi a noite. Perdi o bonde. Perdi a vontade, perdi o interesse, perdi o jogo e perdi a batalha. Perdi de vista. Perdi o fio da meada. Perdi o prumo, perdi o rumo, perdi a função. Perdi a aliança, perdi o emprego, perdi a chance, a oportunidade, perdi na loteria. Perdi a cabeça, perdi a estribeira. Ficou perdida. Se perdeu.
6.7.10
Em fim
Dias falando sobre o mesmo assunto, a história repetida cem mil vezes, os detalhes, as memórias, o esquecimento, a história recontada e requentada, o que falha, a ficção e a fantasia que se cria sempre que se conta, todas as relações esmiuçadas e as dores sentidas novamente, ressentimentos revelados, mágoas agitadas para o rio voltar a correr.
Na saída do túnel o mesmo buraco e a mesma pergunta e algumas lágrimas e o monólogo que não cessa e o conforto que não vem.
Chegar em casa e tentar organizar os fatos, como se eles ainda existissem. Elaborar listas e preparar o futuro, sem deixar que ele volte a ameaçar, a assustar, a desassossegar.
E tudo isso para entrar na sala de estar e descobrir que ela está vazia, sem móveis, sem quadros na parede, sem espelhos. Apenas algumas fotografias espalhadas pelo chão. A janela está aberta e uma brisa leve e fria desarruma o ambiente. Tudo isso não passa de um sonho, ela pensa. Mas ainda assim, ela sente os pés no chão. E vai até o quarto.
Tira a roupa e procura uma toalha nova para que possa se enxugar depois do banho. Procura aquele olhar. Procura o silêncio perdido. Procura o que está perto e o que está longe. Não sei onde isso vai dar, ela pensa e sorri. Com os cabelos molhados, ela deita na cama e dorme. O corpo já não treme mais, a febre já abaixou e o que restou foi apenas a descoberta.
5.7.10
12.6.10
Agora, por exemplo. Meu estômago aperta, meu diafragma está dolorido, tem uma tensão no lado esquerdo do pescoço, sinto vontade de chorar, vontade de dormir mesmo sem estar com sono. No entanto, olho em torno e meu marido descansa no quarto, minha filha brinca no outro, o dia está fresco, ouço buzinas ao longe, ouço passarinhos mais perto, a casa está limpa depois da faxina. Tudo está bem. Digo pra mim mesma: tudo está bem. E como um mantra repito, querendo me convencer: tudo está bem.
Porque, então, algo está sempre prestes a desmoronar dentro de mim?
11.6.10
10.6.10
9.6.10
8.6.10
Tema pra um conto
Vestida de lágrimas, ela sai pra dançar.
Não, fica melhor no passado:
Vestida de lágrimas, ela saiu pra dançar.
29.5.10
15.5.10
5.5.10
Antes e depois
Antes eu dizia:
- Eu gosto disso porque isso me ajuda a viver.
Agora eu digo:
- Eu gosto disso porque isso me ajuda a viver e me prepara para morrer.
1.4.10
Máscaras Indianas
Em 2005, passei um mês na Índia. Não foi nenhuma jornada espiritual, fui só passear. No entanto, durante a viagem, mochilando de um canto para outro, eu sentia uma sensação constante de que máscaras caíam do meu rosto. Eu achava que ia ficar sem rosto, mas aí percebia que era só mais uma máscara caindo. De início foi perturbador, mas depois de uns dias passei a gostar da sensação e a me divertir com isso. As máscaras não paravam de cair, eram muitas! Até que houve um momento, num ônibus entupido de gente, um calor absurdo, que eu consegui sentir o meu próprio rosto. Depois de muito esforço e algum mal humor, consegui colocar minha mochila no chão e me sentei. Estava na última fila de cadeiras. Nesse instante, por um instante, um imenso bem estar, assim do nada, tomou conta de mim. Eu me senti muito feliz. Estava numa rodoviária, no interior da India, nenhum turista andava por ali, só havia indianos. Eles olhavam pra trás e sorriam, provavelmente se perguntando o que que a gente estava fazendo ali. E foi através dos olhos daqueles indianos desconhecidos que eu vi meu rosto, sem máscara alguma.
É claro que esse instante passou e as máscaras foram grudando de novo.
Mas que eu vi, ah! eu vi!
26.3.10
24.3.10
Do óbvio
Desenvolver. Desenvolver-se. O desenvolvimento pressupõe um envolvimento. Afastar-se, distanciar-se para assim ver melhor, ouvir melhor, sentir melhor, pensar melhor, perceber melhor.
Responsabilidade. Habilidade em responder. Grande responsabilidade: muita habilidade para responder. Irresponsabilidade: falta habilidade para responder.
Desconfio que essa seja a segunda tarefa mais importante da vida. Desenvolver a nossa habilidade em responder.
A primeira é amar.
Responsabilidade. Habilidade em responder. Grande responsabilidade: muita habilidade para responder. Irresponsabilidade: falta habilidade para responder.
Desconfio que essa seja a segunda tarefa mais importante da vida. Desenvolver a nossa habilidade em responder.
A primeira é amar.
16.3.10
Volta
Já já mando notícias mais decentes.
Voltei exausta, depois de horas de atraso, por causa dos temporais aí e aqui.
Saí em dezembro e já é março.
Botando a vida besta em dia.
Fazendo supermercado, feira. Respondendo as mensagens sempre atrasados.
Sentindo saudade do marido, que agora viaja.
E beijando muito a filha.
Pensando que tenho muita coisa pra fazer.
Não fazendo nada e indo ao cinema no meio da tarde.
Conversando com amigo sobre o feminino e a delicadeza.
Admirando as galinhas.
Achando muito elegante ser desajeitado.
Revendo algumas fotos 3 por 4.
Querendo ler mais poesia.
O olhar, renovado.
É isso que faz a gente seguir adiante.
Saí em dezembro e já é março.
Botando a vida besta em dia.
Fazendo supermercado, feira. Respondendo as mensagens sempre atrasados.
Sentindo saudade do marido, que agora viaja.
E beijando muito a filha.
Pensando que tenho muita coisa pra fazer.
Não fazendo nada e indo ao cinema no meio da tarde.
Conversando com amigo sobre o feminino e a delicadeza.
Admirando as galinhas.
Achando muito elegante ser desajeitado.
Revendo algumas fotos 3 por 4.
Querendo ler mais poesia.
O olhar, renovado.
É isso que faz a gente seguir adiante.
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