21.6.17

Os buracos da eternidade

Queria abrir os buracos quando eu desejasse, mas eles não se abrem quando eu quero, eles não me obedecem, eles não são meus. Eu simplesmente caio neles, na maioria das vezes, quando estou distraída. Faço muito esforço e caio sempre por acaso.

14.6.17

Os passos

Tomo um chá e vou ao cinema. No caminho já sinto a estranheza. Pessoas se movendo em velocidades diferentes, tudo carecendo de sentido. Hoje estou tentando fazer literatura com minha vida e escrevo coisas canalhas. Mas não encontro nada nas palavras, que depois vou ler e achar ridículo.
Por que o filme não começa?
Quero entrar logo num mundo que não é meu. Quero esquecer que minhas costas doem.
Quero ter alguma linearidade. Não viver mais nessas horas vagas, quero ter o que fazer, pra onde ir, quem encontrar.
Os passos são lentos e vem uma vontade estrondosa de empurrar as coisas. Pra depois.
Os próximos passos. Os passos. As próximas horas. As horas.
Todo o mundo fazendo o mesmo. Cavando, sem descanso, e contando com a sorte, com a fé, com o gênio, com os contatos. 
Vou entrar no outro mundo pra ver se acho um respiro para a vida daqui.