12.6.10

Agora, por exemplo. Meu estômago aperta, meu diafragma está dolorido, tem uma tensão no lado esquerdo do pescoço, sinto vontade de chorar, vontade de dormir mesmo sem estar com sono. No entanto, olho em torno e meu marido descansa no quarto, minha filha brinca no outro, o dia está fresco, ouço buzinas ao longe, ouço passarinhos mais perto, a casa está limpa depois da faxina. Tudo está bem. Digo pra mim mesma: tudo está bem. E como um mantra repito, querendo me convencer: tudo está bem.
Porque, então, algo está sempre prestes a desmoronar dentro de mim?

10.6.10

Eu, perdida de amor, queria viver sem arestas, entregue como um vagabundo, presente em todos os momentos, sem passado e sem futuro.
Eu, perdida de ilusão, com três pernas e seis braços, queria andar pelo mundo, sem saber como caminhar.
Eu, estranhamente feliz.

9.6.10

Entro na minha terra devastada,
o sol está a pino e tudo em torno é miragem.
Estou precisando chover.

8.6.10

Tema pra um conto

Vestida de lágrimas, ela sai pra dançar.
Não, fica melhor no passado:
Vestida de lágrimas, ela saiu pra dançar.