14.7.09

Acordei hoje sem ter ido dormir


Estava só. Ouvia o barulho do trânsito, via a luz do sol de inverno, mas não pertencia àquele mundo, estava aqui dentro, sem comunicação.
Achei que já tinha morrido tanto e que - sim - agora estava renascendo pra sempre.
Mas não. Estava era morrendo de novo.
A hora vem várias vezes nos espreitar e nem sempre é assombração.
Encontro não mais com uma senhora, mas com uma mulher nos seus trinta e poucos talvez, naquela fase de exuberância, quando as mulheres decidem que são donas do próprio nariz e do próprio corpo. Sim, ela é uma mulher, sim, ela é do gênero feminino. Uma amiga de infância. E acabo até gostando dela, saímos juntas. Compramos o mesmo batom, paramos num café e falamos sobre os sabores e desabores do amor e da vida. Damos gargalhadas e nos divertimos falando mal do figurino dos outros.
Ela vai envelhecendo junto comigo e é sedutora do mesmo jeito que eu posso ser.
Olha aqui – eu digo - Não é fácil morrer.
Tanto já se disse sobre isso. Tenho que, de novo, abandonar os meus pertences e seguir sem muita coisa: alguns livros, umas músicas, poucas fotos, amores, memórias.
O que fazer agora? Queria ser, mas ainda não me tornei.
Não me lembro o caminho de casa. Não me lembro se tenho uma casa.
Talvez. Talvez, tenha que começar tudo de novo e não sei de onde partir.
Tempos sem tempo.
O tempo vem com o tempo.

Um comentário:

untitled disse...

Lud,
Que título maravilhoso! E o texto tem um gosto de quero mais... e mais. Lindo!